A foto ao lado é de Karl Kraus (1874-1936), grande ensaísta, dramaturgo e poeta austríaco. Entre outros feitos notáveis, Kraus escreveu "Os últimos dias da humanidade: tragédia em cinco atos com preâmbulo e epílogo" (Die letzten Tage der Menschheit: Tragödie in fünf Akten mit Vorspiel und Epilog), publicado em 1922. A obra, roteiro para uma peça que nunca chegou a ser encenada, consistia numa crítica contundente à degradação da linguagem pública no mundo germânico, responsável, entre outras coisas, por criar o clima de irracionalidade patológica que, em pouco tempo, culminaria na ascensão do nacional-socialismo. "Os últimos dias da humanidade" foi composta a partir de amostras de notícias impressas, cenas cotidianas, anúncios, sentenças judiciais, etc., tudo encadeado numa narrativa assustadora sobre a insanidade coletiva.
Nas páginas de sua revista "A Tocha" (Die Fackel), Kraus sugeria que o vocabulário da opinião pública alemã tinha sido empobrecido e reduzido a ponto de criar um verdadeiro abismo entre a experiência concreta da realidade e a linguagem corrente. A grande responsável por tamanha corrupção semântica era, segundo Kraus, a imprensa.
Se o sábio austríaco vivesse no Brasil de hoje, poderia ter composto uma obra cem vezes mais volumosa do que "Os últimos dias...". O jargão jornalístico brasileiro é, atualmente, um festival de distorções verbais e eufemismos grosseiros que, quando muito, servem para revelar o estado de espírito daqueles que ajudam a consagrá-lo, mas nada informa sobre a realidade dos fatos.
Pena não termos, entre nós, um gigante como Karl Kraus, porque, no nosso caso, não sobrarão nem mesmo registros, para as futuras gerações, dos "últimos dias do Brasil", um país que hoje vocifera indignado contra a afirmação 'raivosa' de que 2 + 2 = 4, regozijando-se, ao contrário, diante dos bons modos de todo aquele que sugerir, mui educadamente, que 2 + 2 = 5.
Dizia Karl Kraus, uma frase que cai como uma luva para compreendermos a sociedade brasileira atual: "Quando o sol da cultura está baixo, também os anões lançam longas sombras".
Nas páginas de sua revista "A Tocha" (Die Fackel), Kraus sugeria que o vocabulário da opinião pública alemã tinha sido empobrecido e reduzido a ponto de criar um verdadeiro abismo entre a experiência concreta da realidade e a linguagem corrente. A grande responsável por tamanha corrupção semântica era, segundo Kraus, a imprensa.
Se o sábio austríaco vivesse no Brasil de hoje, poderia ter composto uma obra cem vezes mais volumosa do que "Os últimos dias...". O jargão jornalístico brasileiro é, atualmente, um festival de distorções verbais e eufemismos grosseiros que, quando muito, servem para revelar o estado de espírito daqueles que ajudam a consagrá-lo, mas nada informa sobre a realidade dos fatos.
Pena não termos, entre nós, um gigante como Karl Kraus, porque, no nosso caso, não sobrarão nem mesmo registros, para as futuras gerações, dos "últimos dias do Brasil", um país que hoje vocifera indignado contra a afirmação 'raivosa' de que 2 + 2 = 4, regozijando-se, ao contrário, diante dos bons modos de todo aquele que sugerir, mui educadamente, que 2 + 2 = 5.
Dizia Karl Kraus, uma frase que cai como uma luva para compreendermos a sociedade brasileira atual: "Quando o sol da cultura está baixo, também os anões lançam longas sombras".
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